A alimentação vegetariana no período da gravidez tem sido alvo de grandes debates na comunidade científica, mas o certo é que, de acordo com a Direção-Geral de Saúde, este padrão alimentar é apropriado para todas as fases de vida (1). Caso seja completa em todos os nutrientes e bem planeada, a alimentação vegetariana poderá estar associada a diversos benefícios de saúde durante a gravidez, nos quais se incluem um menor risco de operação cesariana, depressão pós-parto, morte neonatal e maternal, hipertensão e outras complicações (2).
No entanto, é aconselhável tomar especial atenção aos seguintes nutrientes (2,3):
- Calorias: as necessidades calóricas aumentam entre 70 e 500kcals por dia, consoante a fase da gravidez. Idealmente, isto deve ser feito através do consumo de fontes alimentares de base vegetal e não processadas.
- Proteína: as necessidades de consumo aumentam entre 1 e 26g por dia, consoante a fase da gravidez. Este poderá ser feito através da inclusão de leguminosas, cereais integrais, frutos oleaginosos, sementes, quinoa, etc.
- Ómega-3: os ácidos gordos essenciais têm um papel fundamental no desenvolvimento do feto e no crescimento das crianças e por isso é necessário incluir fontes ricas em ómega-3 na alimentação, como as nozes e sementes de chia, linhaça ou cânhamo. É aconselhada suplementação com um óleo de microalgas, 1 cápsula por dia.
- Vitamina B12: este nutriente tem um papel fundamental no sistema nervoso das crianças. Por esta razão, é essencial consumir produtos fortificados ou fazer a sua suplementação, uma vez que estas são as únicas formas viáveis de obter este nutriente numa alimentação de base vegetal.
- Ferro: as recomendações nutricionais para o consumo deste nutriente variam de 11 a 30mg de ferro por dia, consoante a fase da gravidez. Geralmente, é necessária a suplementação de ferro durante a gravidez. No entanto, para melhorar a absorção de ferro presente nos alimentos de base vegetal (ex.: leguminosas, cereais integrais, vegetais de cor verde escura, sementes, frutos gordos, soja, etc.), é importante consumir conjuntamente um alimento rico em vitamina C.
- Iodo: a falta deste nutriente pode causar danos ao feto, por isso poderá ser necessária a suplementação ou o consumo de sal iodado para atingir as recomendações nutricionais.
- Cálcio: as recomendações nutricionais não se alteram durante a gravidez, mas alimentos como as hortícolas de cor verde escura, leguminosas e produtos fortificados, como as bebidas vegetais, devem estar sempre presentes na alimentação.
- Ácido fólico: para evitar complicações no tubo neural, além do consumo de alimentos de cor verde escura e leguminosas, laranja, cereais e produtos fortificados, é recomendada a sua suplementação, de forma a atingir os 600 μg por dia.
Referências.
1. Gomes SC, João S, Pinho P, Borges C, Santos CT, Santos A, et al. Linhas de orientação para uma alimentação vegetariana saudável. 2015.
2. Pistollato F, Sumalla Cano S, Elio I, Masias Vergara M, Giampieri F, Battino M. Plant-based and plant-rich diet patterns during gestation: beneficial effects and possible shortcomings. Adv Nutr. American Society for Nutrition; 2015 Sep;6(5):581–91. Available from: http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/26374180
3. Marangoni F, Cetin I, Verduci E, Canzone G, Giovannini M, Scollo P, et al. Maternal diet and nutrient requirements in pregnancy and breastfeeding. An Italian consensus document. Nutrients. 2016 Oct 14;8(10):629. Available from: http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/27754423