Eis as respostas a todas aquelas perguntas e dúvidas que te aparecem inevitavelmente no teu processo de transição! Não te preocupes, se não tivermos resposta aqui para alguma, basta falares connosco!
A alimentação vegetariana consiste num padrão alimentar que exclui carne e peixe, incluindo ou não derivados de origem animal (leite, ovos, entre outros). Pode existir nas seguintes formas:
A alimentação vegetariana, desde que bem planeada, pode ser saudável e poderá ser benéfica na prevenção e tratamento de alguns tipos de doenças, com diversas evidências científicas a suportar esta ideia. Entidades como a Academy of Nutrition and Dietetics, a Universidade de Harvard, a Direcção Geral de Saúde, entre outras, consideram que uma dieta vegetariana bem planeada é apropriada para indivíduos de todas as idades do ciclo da vida, incluindo o período da gravidez e amamentação, a infância, a idade escolar e a adolescência. De modo a providenciar uma nutrição adequada, esta deverá incluir hortícolas, fruta, cereais integrais, leguminosas, frutos oleaginosos e sementes, de preferência da época e minimamente processados.
Apesar da anemia por falta de ferro (ferropénia) ser considerada pela Organização Mundial de Saúde a deficiência nutricional mais comum, uma alimentação vegetariana devidamente planeada, equilibrada e variada poderá evitar esta deficiência, tendo em conta que existem boas fontes alimentares de ferro de origem vegetal, nomeadamente provenientes de alimentos como leguminosas, frutos secos, sementes, vegetais de folha verde escura e cereais fortificados.
Sim. As necessidades de ingestão de proteína genericamente recomendadas são facilmente atingíveis numa alimentação vegetariana devidamente planeada. Alimentos como tofu, seitan, lentilhas e quinoa são boas fontes de proteína. Assim como noutras dietas, existem cuidados a ter. Por exemplo, é recomendável combinar a ingestão de alimentos do grupo dos cereais com alimentos do grupo das leguminosas durante o mesmo dia, para uma maior ingestão de todos os aminoácidos essenciais. As preocupações com a proteína tendem a ser sobrestimadas maioritariamente nos países mais desenvolvidos, uma vez que é pouco comum casos de deficiência de proteína em adultos. Acede a este artigo para conheceres mais fontes alimentares de proteína e estratégias para melhor absorção.
Uma alimentação vegetariana saudável, desde que devidamente planeada e monitorizada, poderá ser adequada em qualquer fase do ciclo de vida, incluindo a infância, a adolescência, a gravidez, a lactação, e a população idosa, sendo também adequada a um estilo de vida atlético. A Direcção-Geral de Saúde portuguesa reconhece que é adequada a crianças e grávidas, e, tem até três manuais que servem como linhas de orientação para uma alimentação vegetariana saudável, sendo que um deles focado em crianças em idade escolar. Recomendamos, não obstante, o acompanhamento de um profissional de saúde. Aqui, encontras uma lista de nutricionistas especializados na alimentação vegetariana e com parceria com a associação.
Uma grande diferença. É útil reflectirmos que da mesma forma que só podemos votar uma vez num sistema democrático para eleger alguém, também podemos emitir o nosso voto, único, ao fazermos compras e decidirmos aquilo que colocamos no nosso prato, ou aquilo que vestimos, ou usamos para a nossa higiene pessoal.
Do mesmo modo que podemos fazer o exercício ético de optar por comprar roupas locais ao invés de ir comprar roupas que tenham implicado escravidão infantil, também podemos optar por comprar leguminosas e hortícolas ao invés de comprarmos carne ou peixe, comunicando uma importante e poderosa mensagem ao sistema de mercado, e assim efectivamente criando um impacto na dinâmica da procura e oferta. Isso terá uma consequência directa e imediata na protecção da nossa saúde, e também, de forma mais indirecta, na promoção da sustentabilidade e na protecção dos animais.
A fome mundial é um dos mais graves problemas que enfrentamos atualmente. Ainda assim, não deve ser a nossa única preocupação, tal como não deve qualquer outra matéria ser a única preocupação. Os assuntos podem, e devem, ser igualmente tratados sem que um seja prejudicado pela atenção dada ao outro.
Podemos até argumentar que as questões estão interligadas. Anualmente, estima-se que cerca de 70 mil milhões de animais terrestres sejam criados e mortos para consumo humano. A quantidade de alimento e recursos consumidos por estes animais podia, em grande parte, constituir alimento para muitas pessoas que sofrem de fome. A produção animal é altamente ineficiente, uma vez que um animal consome, ao longo da sua vida, mais calorias do que as que são consumidas por quem o comer.
Essa é mais uma ideia falsa. Será verdade se forem consumidos apenas produtos de origem vegetal mais caros ou exóticos. Não sendo esse o caso, uma dieta de origem vegetal não é mais cara do que uma dieta omnívora. Aliás, os produtos alimentares mais baratos numa loja ou supermercado são, regra geral, já aptos a vegetarianos: batatas, feijão, grão, arroz, massa, etc. A título de exemplo, um quilograma de leguminosas (ex: feijão, lentilhas) continua a ser significativamente mais barato do que um quilograma de carne de vaca, de porco, ou de peixe.
Tudo depende das escolhas que fazemos no mercado. Claro que se optarmos por fazer sempre compras de produtos mais processados ou de produtos com certificado biológico, poderá ser dispendioso.
Não. Os animais que comem outros animais não têm outra forma de se alimentarem, nem forçam a criação e desenvolvimento das suas “presas” em espaços confinados e sem escapatória. Os seres humanos, por outro lado, podem escolher não comer animais, opção que pode contribuir para uma vida mais saudável, para a redução da nossa pegada ecológica e, acima de tudo, para diminuir o sofrimento animal. A maior parte dos animais criados pelos seres humanos para alimentação são reféns de condições cruéis, violentas e opressivas, e vivem apenas uma fracção do seu tempo de vida natural.
A vitamina B12 é produzida na natureza por microrganismos como bactérias, fungos e algas presentes no meio ambiente. Na alimentação humana está disponível em quantidades significativas apenas nos alimentos de origem animal e nos alimentos fortificados. Uma vez que os animais (incluindo humanos) não sintetizam cobalamina, a maior parte dos animais criados para consumo obtém esta vitamina através da ingestão alimentar de rações fortificadas, administração de injectáveis, através da produção da microbiota intestinal – sobretudo nos animais ruminantes – ou através da contaminação de bactérias produtoras presentes nos solos e águas não tratadas. Alimentos de origem vegetal não fortificados podem conter vitamina B12 dependendo da contaminação por bactérias produtoras, mas em quantidades consideradas negligenciáveis tendo em conta as necessidades humanas, sendo assim importante não depender exclusivamente destes alimentos para a ingestão desta vitamina. Assim, através de alimentos fortificados de origem vegetal e/ou suplementação é possível obter a vitamina B12 numa alimentação vegetariana estrita.
Não. Em determinados casos, a recomendação de suplementação faz parte do cenário actual de prevenção e manutenção da saúde, orientado por várias entidades de saúde pública. Dificilmente qualquer tipo de padrão alimentar não dependerá deste tipo de intervenção em certas fases da vida, como por exemplo, a suplementação de vitamina D no primeiro ano de vida ou no caso da gravidez, onde a suplementação de ácido fólico, ferro e/ou iodo é uma prática comum, entre outros contextos. Estas práticas têm permitido a melhoria do estado nutricional das populações. Assim, a necessidade de suplementação não invalida este padrão alimentar e não o torna menos nutricionalmente adequado ou ”menos natural”.